“Cemitério dos decapitados” de 1,6 mil anos é encontrado na Inglaterra

Arqueólogos localizaram 52 restos mortais que datam do período em que os romanos ocuparam a ilha britânica: a maioria dos esqueletos estava sem a cabeça


ESQUELETO SEM CABEÇA É ENCONTRADO EM SÍTIO ARQUEÓLOGICO (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Pesquisadores que trabalhavam em uma escavação no condado de Suffolk, na Inglaterra, se surpreenderam ao encontrar dezenas de esqueletos decapitados que datam do século 4, período em que o Império Romano ainda dominava regiões da ilha britânica. Dos 52 restos mortais encontrados, 35 estavam sem as cabeças, que foram enterradas próximas ao restante do corpo. Homens, mulheres e crianças estavam no local. 

De acordo com o arqueólogo Andrew Peachey, que liderou a pesquisa e é contratado pela empresa Archaelogical Solutions, a descoberta é considerada rara por conta do bom estado dos esqueletos encontrados. Os pesquisadores realizaram as escavações para encontrar vestígios históricos antes de um novo projeto habitacional ser construído na região. 

O local onde os corpos foram enterrados seria um antigo assentamento romano que abrigou os primeiros conquistadores do território britânico. Como o terreno era arenoso, entretanto, os cientistas acreditavam que os esqueletos enterrados no local já tivessem se desintegrado nos últimos séculos. 

Outro ponto que chamou a atenção dos cientistas foi o fato de que os esqueletos sem cabeça não foram executados: ao realizar uma análise mais detalhada, os arqueólogos notaram que a decapitação ocorreu após a morte, em um corte feito de maneira limpa e precisa.

Peachey considera algumas explicações possíveis para a existência do “cemitério dos decapitados”. É provável que as pessoas enterradas ali faziam parte de algum culto romano que tinha como prática a retirada das cabeças durante os rituais funerários. Outra possibilidade seria a de que os esqueletos pertencessem a um grupo de escravos trazidos de outra região que tinham o costume cultural de praticar tal ato após a morte.

Em uma análise realizada em laboratório, os pesquisadores constataram que a maioria das pessoas enterradas na região viveram até a meia-idade e tinham os membros superiores de seu corpo bem-desenvolvidos, indicando que trabalhavam em atividades que exigiam esforço físico — como na agricultura. Seus dentes estavam em más condições e apresentavam grande quantidade de açúcares e carboidratos, apontando que eles não passavam fome. Após essa investigação inicial, os cientistas realizarão exames mais apurados para tentarem descobrir o local de origem da “população dos decapitados”.


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