Finlândia: o país da melhor educação do mundo

Quem pesquisa sobre os melhores resultados obtidos na educação acaba fatalmente encantando-se com a Finlândia. E não é por menos, pois este país nórdico é repetidamente classificado como aquele que possui a melhor educação do mundo. Se isso não bastasse para nos impressionar, ainda por cima verifica-se que por lá a educação é majoritariamente pública, e por esse motivo é frequentemente utilizada como modelo e inspiração para os governos da maioria dos demais países.

Especialistas finlandeses são chamados constantemente para explicar detalhadamente o modelo e as práticas que desenvolvem, e suas plateias procuram entender o “segredo” para então copiá-lo e tentar mudar as circunstâncias causadoras de defasagem educacional.

Pensando em todo este êxito e avaliando o seu contexto, descobrimos dois fatores que podem causar espanto a muitos críticos e céticos em relação ao homeschooling: a Finlândia aprova este modelo e vai mais além, aplica na escola pública alguns princípios e metodologias que são utilizados com grande êxito na Educação Domiciliar.

Trataremos da legislação finlandesa com mais detalhes conforme vá chegando mais próximo o dia do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, que decidirá quanto a possibilidade de o ensino domiciliar (homeschooling), ministrado pela família, ser considerado meio lícito de cumprimento do dever de educação, previsto no artigo 205 da Constituição Federal.

Por agora, basta-nos imaginar por que um país como a Finlândia, que obtém tanto êxito em sua política educacional, não tem receio de conceder este direito aos seus cidadãos, e portanto não exige a frequência escolar. Certamente é porque que isso não configura risco algum para o desenvolvimento e para a aprendizagem. E essa liberação torna-se ainda mais compreensível quando observamos que a prática educativa das escolas finlandesas contém algumas características similares a métodos e princípios utilizados já há muito tempo por famílias educadoras.

O que dá certo no Homeschooling e na Finlândia

Algo que é ensinado e propagado pelas famílias educadoras pioneiras que obtiveram grande sucesso na educação de seus filhos, é que copiar e repetir o modelo escolar tradicional constitui-se em um erro fatal. É evidente que ele não gera resultados positivos, e isso pode ser comprovado através dos testes padronizados nacionais e internacionais. Mas  praticar  o homeschooling como uma “escola em casa” ainda é comum em muitas famílias educadoras inciantes, talvez assombradas pela falsa sensação de que os filhos não conseguirão aprender o suficiente fora do ambiente escolar, muito em função da cultura escolarizada dos pais, que demoram a livrarem-se da ideia de que a escola é um local sagrado e único para o aprendizado.

E este é o primeiro ponto de convergência que observamos entre o modelo de educação finlandesa e o homeschooling, a mudança de um paradigmaLá a escola procura se reinventar constantemente, e foram definitivamente sepultadas as idéias de que o professor é o centro do aprendizado, e de que grande quantidade de conteúdo gera algum resultado melhor. O aluno tornou-se muito mais ativo,  livre para aprender no seu próprio ritmo, e uma nova cultura foi introduzida, a de que menos é mais, ou seja, menos conteúdo é muito melhor absorvido. Isto tudo causa interrogações na mente de muitos, ao constatarem que os jovens finlandeses alcançam resultados superiores, mesmo recebendo conteúdos muito menores durante a escolarização.

Este conceito de diminuir para ganhar mais, por si só merece um artigo exclusivo e mais completo, tamanha a sua relevância e porque envolve toda a sociedade finlandesa em uma lógica bastante distante de nossa realidade. Eles aprenderam a importância de consumir menos, possuir menos, e na área da educação criaram um método que resulta em aulas menores e com muitos intervalos, conteúdos sensivelmente diminuídos, turmas bem menores e nas quais o professores geralmente permanecem por vários anos, criando condições para um atendimento individualizado ao aluno. Isto tudo contém muita semelhança com o que é atingido através da prática do homeschooling.

Também não há grande preocupação com testes padronizados, visto que somente ocorrem a partir do ensino médio e ainda de um modo mais esporádico. Esta desconstrução da importância da avaliação periódica escrita é um componente comum em todos os métodos de educação domiciliar.

Outro ponto é que desde a década de 1970, o casal de  pioneiros  Dortothy e Raymond Moore, chamados por muitos de “avós do Homeschooling”, já apregoavam que a criança não deveria ter o acesso a instrução formal antecipado para antes dos 8 anos de idade ou até mais, pois aprenderiam e obteriam o desenvolvimento através de outras fontes lúdicas e  especialmente  através da interação com os pais e amigos.

Eis que modernamente a Finlândia, do auto de seu reconhecido êxito, também  estabelece que o ensino formal começa somente após os 7 anos de idade, e concede grande importância à utilização de jogos na aprendizagem. Além disso a educação obrigatória possui somente 9 anos de duração, após isso tudo passa a ser opcional e de acordo com o interesse do aluno.

Por último mas não menos importante, a Finlândia alterou completamente o modo de ensino das disciplinas, como por exemplo a matemática. O novo modelo descarta o padrão tradicional e passa a adotar o uso de tópicos para cada tema, relacionando e combinando muitos assuntos de aplicação direta ao mundo real, incluindo inter-relações com diversas outras disciplinas, deste modo profundando os objetivos de evitar conteúdo excessivo ou desnecessário, e gerar maiores níveis de assimilação do conhecimento.

De fato este não é um conceito novo na área da educação, no entanto mostrou-se de difícil aplicação nas escolas públicas . Por outro lado é um estilo muito comum no homeschooling, conhecido como estudos de unidade e utilizado em grande escala e com muito êxito.

Poderíamos ainda abordar a ênfase no desenvolvimento do pensamento criativo, o gerenciamento do próprio aprendizado por parte do aluno e a importância conferida à criação de um ambiente favorável ao aprendizado. Todos fatores presentes no sistema público de ensino finlandês e também na Educação Domiciliar.

Por certo não teríamos receio de matricular nossos filhos em uma escola na Finlândia, mas também se ao invés disso optássemos por  praticar o homeschooling, não enfrentaríamos oposição. Que cenário maravilhoso!

Deus queira que este sonho seja um dia a nossa realidade.

Por familiaseducadoras


  • Adorei a matéria e adoraria se chegássemos a este ponto na educação em nosso pais, a redução de conteúdo nas disciplinas ha vem acontecendo algum tempo, a redução é tão expressiva que na escola de minha neta vem sendo adotado uma apostila complementar alem de trabalhos de pesquisas na Internet, crianças que não são bem assistidas pela família certamente sentem dificuldades em determinados conteúdos. Mas tenho fé que este país vai melhorar!!!

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